Olá. galerinha! Eu sou a Érika e estou invadindo o Marcas Literárias de novo. Espero que gostem do texto de hoje!

Colmeismo

Amélia era apenas mais uma abelha operária presa à estrutura da sua colmeia. Repetia os passos de seus ancestrais noite e dia. Dezesseis horas de jornada diária. Sem férias ou uma recompensa tão boa quanto a da abelha rainha.
Quando era uma criança abelhinha frequentava as aulas de um sistema altamente rígido e quase caindo aos pedaço. Na merenda, o mel quase sempre faltava. Alguns de sua espécie, provavelmente, levara para casa. Altamente individualistas, pensava. Suas aulas eram voltadas para o seu futuro operário. Na verdade, Amélia não compreendia a tal ideologia liberabelhismo, a liberdade pregada parecia tão frágil. Da colmeia não podia sair, era seu destino predestinado. Sentia-se um objeto dentro do sistema que pregava a soberania do indivíduo. Altamente materialista, repetia.
Na maturidade da sua curta vida de abelha, tentou externar todos os esses seus pensamentos. Chegava próximo a um grupo de amigos e explanava o seu horror e incompreensão. Contudo, os demais riam dela e reproduziam sempre as mesmas palavras: “deixa disso, Amélia”, “sua maluca” ou “vai acabar envolvida com pesticidas assim”.
Talvez, até pensasse em desistir. Mas, sua lealdade pela própria crença a tornou insensível a qualquer má consequência que pudesse gerar. Assim, numa manhã na fábrica de mel, recusou-se a trabalhar enquanto não pudesse descansar um dia semanalmente. Alguns riram dela. Embora, a maioria tenha decidido acompanha-la vislumbrando a maravilha do dia de lazer.
Amélia foi condenada pela abelha rainha por desordem pública e bruxaria. Teve a morte mais dolorosa possível. Colocada na frente da praça, serviu de exemplo a todos os outros insetos que seguissem o mesmo caminho que ela. Como uma grande amiga do seu povo, a rainha mostrou qual resultado dessas atitudes horrendas e imbecis.