Olá, galerinha!! Como vão vocês? Eu sou a Érika e, mais uma vez, estou roubando o blog para postar algo. Enfim, espero que gostem <3.
Amélia
João era cabra
valente. O filho mais velho. Sempre orgulhou seu pai. Na infância, era o sonho
das garotinhas na escola. Tinha milhares de namoradinhas. Aos doze anos já
virava a noite fora de casa. Pegava todas as menininhas. Era, como seu pai
dizia, “um homem de verdade”. Ele não tinha essas “viadagens”.
Vivia em todas
as festas. Bebia muito. Fumava de tudo. Quando foi morar só, a cada noite uma
mulher passava em sua casa. Mas dizia que nunca se casaria com nenhuma daquelas
“putas”. Um dia, conheceu Amélia. Amélia
que era mulher de verdade. Só dele. Só para ele. Comandada por ele. Casaram-se
no dia 8 de março. Ele proibiu Amélia de trabalhar. Queria-a só pra si. Então,
Amélia vivia só em casa. Cozinhando, passando e limpando para o seu amor.
Toda noite
João chegava tarde. Dizia que passava muito tempo no trabalho. Amélia
desconfiava. Ele tinha cheiro de cigarro e bebida barata. Mas, ela relevava.
Homens podem. Homens precisam. Até porque, no final, ele sempre voltava para
casa. Ela o compreendia.
Com dois anos
de casados, ela engravidou. Eram gêmeos. Uma menina e um menino. Carlos e Ana.
João estava tão contente. Ia ensinar ao seu filhinho como jogar futebol e,
principalmente, a como ser um conquistador. E a sua filhinha, meu Deus, ia
guardar para si. Ia pedir a sua esposa para ensiná-la “coisas de meninas ideais”.
Quando tinham
seus 15 anos, as criancinhas se apaixonaram por poesia. Mas, João proibiu
Carlos de continuar a ler aquelas coisas que ele chamou de “ de gay ou de
menininha”. Três anos depois, presenteou seu filho com um carro e Ana com uma
roupa de bailarina. Quando ela ousou pedir um automóvel também, seu pai gritou
que mulher não tem capacidade para dirigir como um homem.
Carlos era
homem, podia. Ana, não. Ana era mulher! Mulheres no volante são um perigo constante.
Mas, por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher. Mulher devia ser
como Amélia. Não exige. Passa. Cozinha. Lava.
Um dia Amélia
se revoltou. Ana também. Queriam ser livres. Não abaixar a cabeça. Ser alguém. Queriam
ter direitos iguais. Descontruindo-se. Descontruindo o machismo enraizado na
alma de uma sociedade politicamente correta.